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História do Brasil #1 - Um Breve Resumo Sobre os Descobrimentos Portugueses.


História do Brasil.

Os Descobrimentos Portugueses.



Contexto:
Ao final da Idade Média, os europeus conheciam apenas uma parcela do mundo, resumidas no Oriente Médio, norte da África e as Índias (nome genérico que usavam para designar o território localizado no extremo Oriente, isso é, leste da Ásia). E ainda, a maioria dos europeus apenas conhecia essas regiões através de relatos, como os feitos por Marco Polo, que partiu de sua cidade em 1217, acompanhado de seu pai e seu tio. Nesse período, a América e a Oceania eram totalmente desconhecidas pelos europeus. As informações contidas pelos europeus estavam em muitos aspectos incompletas ou possuíam, em sua maior parte, elementos fantasiosos, isso era uma herança deixada pela Idade Média. Mas isso começou a mudar nos séculos XV e XVI, quando exploradores europeus, principalmente, espanhóis e portugueses começaram a se aventurar pelos mares, até então desconhecidos. Tudo isso deu origem à um período que ficou conhecido como Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos.

Fatores que influenciaram as explorações marítimas:
Durante o século XV, os países europeus só possuíam acesso as especiarias vindas da Índia quando recorriam aos comerciantes de Veneza ou Genova (que possuíam o monopólio desses produtos), e coo era de se esperar os burgueses italianos cobravam preços altíssimos por eles já que mantinham o monopólio dos caminhos pelos mares e por terra o tempo estimado para os produtos chegarem era muito grande, além disso, a estrada que os comerciantes percorriam eram em muitos trechos perigosas, onde diversos assaltantes os emboscavam. Com o canal de transporte de mercadorias sendo dominado pelos italianos, tanto os espanhóis como os portugueses tinham que encontrar um novo caminho para as Índias, esta que se mostrou uma tarefa muito difícil, mas ao mesmo tempo muito desejada. Outro fator importante, que também influenciou e estimulou as navegações, era a necessidade dos europeus de conquistarem novos territórios para obterem mais matéria-prima, metais preciosos e produtos que não eram encontrados em seu continente. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada nesse empreendimento, já que novas terras descobertas significava também novos fiéis e a expansão do cristianismo. Juntamente com a Igreja Católica estava os reis e a burguesia, também interessados nesse empreendimento das grandes navegações, inclusive muitas delas foram financiadas pela Coroa portuguesa e espanhola, ou então pelos burgueses da época.

Pioneirismo Português:
A diferença entre as descobertas de Colombo e as descobertas portuguesas era que Colombo baseava-se numa mistura de mitos e fatos, e teve sorte e habilidade náutica suficiente para atingir um destino que não esperava, já os portugueses embarcaram em um projeto e chegaram exatamente onde desejavam. Podemos considerar os espanhóis como “aventureiros” e os portugueses como “marinheiros do renascimento”, pois projetaram, estudaram e calcularam, tudo isso para que no final triunfassem sobre o desconhecido.
D. Henrique, o Infante. Terceiro filho do Rei D. João I, sustentou o ímpeto dos descobrimentos portugueses por mais de cinquenta anos, no entanto, jamais participou de uma viagem de exploração. Seu papel era muito o de organizar os recursos e incentivar os projetos. A tomada de Ceuta, em 1415, deu a D. Henrique o primeiro vislumbre da grande riqueza que o comercio vindo em caravanas da Índia e do Oriente Próximo, bem como da África subsaariana, trazia aos muçulmanos.

“Escola de Sagres”:
Ao se fixar no Cabo São Vicente, no Algarve, o extremo sudeste da Europa, ali praticamente, fundou a “Escola de Sagres”, onde os dogmas medievais foram descartados pois não havia provas para sustenta-los. Em Sagres armazenavam-se informações sobre cartografias, navegações, construções navais, as terras muçulmanas e terras desconhecidas ainda mais distantes. Essas informações foram de grande valia para poder expandir o comercio português e os territórios sob o domínio da Coroa, além de expandir também a fé cristã (que nesse período vivia em constante conflito com os muçulmanos). Desse modo, D. Henrique dedicou-se a registrar todas as informações comprovadas sobre as terras e os mares. Com o acumulo de conhecimento (informações seguras) foram possíveis derrubar diversos mitos da cartografia medieval, entre eles, o mito de que não havia comunicação marítima entre o Oceano Indico e o Atlântico. Para aumentar ainda mais esse conhecimento, o príncipe não hesitava em recorrer a fontes diversas de cientistas não-cristãos, isso porque, sagres abrigava muçulmanos, árabes e judeus; muitos deles serviam como intérpretes ou guias nas viagens portuguesas. Os marinheiros portugueses eram encorajados a relatarem todos os detalhes de suas expedições em seus diários de bordos. D. Henrique procurava também obter os mais recentes instrumentos e técnicas de navegação.
Inicialmente, com resultados comerciais medíocres, no ano de 1444, Gil Eanes trouxe da África a primeira carga de 200 escravos vendidos no porto de Lagos. Com esse “sucesso comercial” a opinião pública mudou. Após 1445 os portugueses chegaram a regiões mais ricas das costas africanas, e a partir daí seu comercio prosperou.

Morte de D. Henrique:
Com a morte de D. Henrique, em 1460, há um hiato nas viagens de exploração, superado apenas quando o Rei Afonso V, sobrinho do príncipe, concedeu a um mercador de Lisboa, Fernão Gomes, o monopólio do comercio africano em troca de uma parcela dos lucros obtidos, e com os esforços exploratórios de Gomes, em cinco meses ele cobriu uma distância igual à que D. Henrique levara 30 anos para percorrer. Quando chegou ao fim o contrato, o Rei Afonso V concedeu o monopólio sobre a África a seu filho, João, que iria o suceder em 1481.

Rei D. João II:
Usufruiu a base lucrativa assentada por seus predecessores. Construiu fortes nas costas africanas para proteger o comercio português, ainda patrocinou expedições terrestres ao interior do continente.
D. João II preparou, cuidadosamente, uma grande expedição destinada a contornar a África e atingir os mares da Índia. Esse projetou ficou sob o comando de Bartolomeu Dias, envolvia três navios, duas caravelas e um navio de abastecimento. Alguns dias de viagem depois, os navios de Dias enfrentaram uma tempestade que os levou para longe da costa africana rumo ao sul, em mar aberto. Com o fim da tempestade, Dias ordenou que seus navios seguissem rumo a leste, de volta a costa. Após velejar 700 quilômetros sem encontrar terra, Dias determinou uma rota para o norte, e com outros 250 quilômetros de viagens encontrou terra nas proximidades da atual cidade do Cabo, na África do Sul. Com isso, a rota para Índia estava praticamente aberta. Dias queria prosseguir, mas seus comandados recusaram-se, sendo assim, as duas caravelas de Dias encaminharam-se para Portugal, onde chegaram em dezembro de 1488, dezesseis meses depois da parida.
No porto de Lisboa, Cristóvão Colombo assistiu à chegada das caravelas, e quando soube das notícias que traziam, concluiu que seria inútil tentar de novo o patrocínio do soberano português para sua viagem as Índias pela rota oeste já que o caminho leste estava praticamente aberto para os portugueses.
Entre o retorno de Dias, em 1488, e a expedição de Vasco da Gama, a primeira que chegou a Índia, em 1497, decorreram nove anos. Essa demora foi dada inicialmente pela doença de D. João e as controvérsias quanto a quem assumiria o trono português, até a ascensão de D. Manuel o Venturoso, em 1495. Nesse período, houve também o envolvimento de Portugal numa disputa diplomática com os espanhóis sobre os territórios descobertos por Colombo. Resolvido em 1494 pelo Tratado de Tordesilhas. Mas talvez o verdadeiro motivo do atraso dos portugueses tenha sido a realização de expedições, tão secretas quem nem se quer temos registros delas, para traçar as melhores rotas de navegação pelo Atlântico Sul.

Expedição de Vasco da Gama:
Depois de dois anos de preparação, a expedição de Vasco da Gama partiu, com dois barcos de transporte de velas quadradas, uma caravela de velas latinas e um navio de abastecimento, partiu com 170 tripulantes e provisões para três anos. Saiu de Lisboa em junho de 1497. Nessa expedição, a falta de mapas e cartas de navegação para águas desconhecidas do Índico fez com que os portugueses dependessem de pilotos muçulmanos e árabes.
As realizações de Vasco da Gama superaram as de Colombo. Os portugueses chegaram a Índia depois de um esforço de quase 70 anos. Finalmente tinham a chance real de abrir o comercio no Oriente e destruir diversos monopólios que pesavam sobre as especiarias. E foi o que fizeram.
Gama voltou a Lisboa em 1499, com dois dos quatro navios e 55 dos 170 homens que partiram, isso sem ter conseguido a permissão de instalar um posto comercial na cidade de Calicute. Logo depois disso D. Manuel organizou e enviou uma segunda expedição, dessa vez com 13 navios sob o comando de Pedro Álvares Cabral para iniciar o comercio com a Índia. Cabral seguiu a rota de Vasco da Gama e, por acidente ou propositalmente (é concebível que os portugueses tivessem informações sobre a presença de terras as proximidades), localizou a costa brasileira, atracando em Porto Seguro no ano de 1500, e de lá, com 11 navios, os portugueses partiram para Índia.
Cabral chegou a Calicute, desta vez levando presentes ricos para o samorim hindu, que reclamara de Gama por esse não o haver presenteado adequadamente. Só que as relações não foram pacificas como Cabral gostaria, isso porque os comerciantes muçulmanos tentavam a todo custo impedir que os portugueses obtivessem as especiarias e atacou seu posto de comercio e matando os portugueses que lá se encontravam. Cabral reagiu capturando dez navios muçulmanos e partiu para Cochin e Cananor para completar os carregamentos de seus navios. Voltou a Lisboa em julho de 1501 e a carga dos seis navios que trouxe mais do que compensou os custos da expedição.
Quando as dificuldades de Cabral foram conhecidas em Lisboa, os portugueses decidiram enviar uma frota de 15 navios, sob o comando de Vasco da Gama, para estabelecer uma forte presença portuguesa em Calicute. Mais tarde ainda foram enviados outros cinco navios como reforço. Chegando a Calicute, Gama exigiu do samorim a rendição da cidade e a expulsão dos muçulmanos (que eram inimigos da fé cristã). Depois da rendição da cidade e do estabelecimento de posições portuguesas, Gama partiu de volta a Lisboa, deixando em águas asiáticas um esquadrão de cinco navios de guerra, para proteger os navios portugueses.
Mais tarde, com a tomada de Málacia, os portugueses abriram o comercio com o Oriente distante. Em 1515, conquistaram a riquíssima Ormuz, dominando assim os acessos ao Golfo Pérsico. Daí em diante as viagens portuguesas podem deixar de ser consideradas como “descobrimentos”, e o que se tentou foi a criação de um Império, cujo último remanescente, a cidade de Macau, na China, permanece até hoje sendo uma colônia portuguesa.

Mas por que Portugal?
Na espoca havia países mais ricos, avançados e populosos na Europa; havia regiões mais desenvolvidas economicamente e já experientes na navegação. Parte dessa resposta é a unidade nacional conquistada muito cedo; a posição geográfica é outro fator, o difícil acesso das terras portuguesas ao resto da Europa, e vice-versa, dava aos portugueses uma garantia de isolamento e proteção, e com isso não deixava nenhuma outra alternativa que não o mar para seu comercio e expansão. Além disso, foi muito importante também, a estabilidade interna presente no país. A “Escola de Sagres” e a criação de uma estrutura profissional para os descobrimentos que fizeram a diferença. Portugal, um país pobre, pouco populoso e relativamente atrasado conseguiu ter sucesso onde muitas outras potencias da época falharam. No entanto, a prosperidade criada pelos investimentos beneficiou muito pouco o povo português já que as estruturas sociais e econômicas do país não se modernizaram. Portugal abriu rotas e estabeleceu contatos que beneficiaram muito mais o restante da Europa do que os lusos.

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