Civilização
Mesopotâmica.
Mesopotâmia:
palavra de origem grega e que significa “entre rios”; essa é também uma das
principais características dessa região. Localizada no Oriente Médio, entre os
rios Tigres e Eufrates. É considerada um dos berços da civilização, onde por
volta do VI milênio a.C as primeiras cidades surgiram como resultado culminante
de uma sedentarizarão da população e da revolução agrícola (ocorrida no período
Neolítico).
Nessa
região passaram diversos povos, nômades de muitas regiões diferentes. A terra
fértil fez com que alguns desses povos ali se estabelecessem. Através do
convívio entre muitas destas culturas floresceu a sociedade mesopotâmica, mas
que apesar desse “sucesso” seus Estados nunca atingiram grandes proporções
territoriais. E apesar de todos os fatores conclui-se que nunca houve um Estado
mesopotâmico.
Cidades
mesopotâmicas: Lagash, Uma, Kish, Ur, Uruk e Gatium (essas
cidades não possuíam uma unidade política, cada cidade-estado era dotada de
autonomia política e econômica, cada uma pertencia a um deus que era
representado na figura do rei).
Esses
eram povos que não se caracterizavam pela construção de uma unidade política,
entre eles sempre predominavam os pequenos Estados onde cada um controlava seu
próprio território rural e pastoril. Tinham governo e burocracia próprios. Em
algumas ocasiões formavam-se Estados maiores, em função de guerras e alianças,
mas estes Estados eram sempre monárquicos, sendo que o poder real era
caracterizado de origem divina. Porém, essas alianças eram apenas temporárias.
Uma
das fontes de referência para o estudo da Mesopotâmia é a bíblia, nela se fazem
referências as cidades de Ur, Nínive e Babilônia. Muitas das histórias contidas
no Antigo Testamento são, possivelmente, derivadas de tradições dessa região,
por exemplo, o diluvio. Ao se estudar a Mesopotâmia deve-se saber que as
informações encontradas estarão fragmentadas e esperas, já que as escavações só
tiveram início no século XIX e ainda hoje muitas lacunas ainda permanecem sem
respostas.
Economia:
A principal atividade econômica na Mesopotâmia era a agricultura. Esses povos
ainda mantinham contato com povos vizinhos e possuíam um comércio a base de
trocas (a moeda ainda não era utilizada). A partir do milênio III essas cidades
intensificaram as atividades comerciais entre si e os templos passaram a gerir
economia, e para armazenar os alimentos coletados eram construídos Zigurates,
enormes prédios em formato cilíndrico que serviam como uma espécie de “estoque
de alimentos” daquela cidade. O surgimento dos primeiros núcleos e centros
urbanos nessa região foi acompanhado de um complexo e necessário sistema
hidráulico, isso porque, favorecia a utilização dos pântanos, evitava
inundações (as enchentes na Mesopotâmia eram muito mais violentas e sem
uniformidade, isso porque essa região, como já visto, localizava-se em meio a
dois rios que corriam em sentidos opostos) e garantia o armazenamento de agua
nas estações mais secas.
Sumérios
e Acadianos: Foram, provavelmente, os primeiros a
habitar o sul da Mesopotâmia, ocuparam essa região por volta do ano 5000 a.C e
ali construíram as primeiras cidades que a humanidade tem conhecimento, como
Ur, Uruk e Lagash. Essas cidades foram erguidas sobre colinas e fortificadas
para que pudessem ser defendidas de outros povos. Sua organização política era
muito semelhante a uma confederação de cidades-Estados, governadas por um chefe
religioso e militar que era denominado patesi.
Como
a maioria dos povos antigos, os sumérios eram politeístas, porém, os deuses
serviam muito mais para “resolver” problemas terrenos do que para desvendar
enigmas pós vida. Cada cidade suméria possuía seu Deus “comandante”. Na visão
dos sumérios, os deuses tinham comportamento parecido com o das pessoas,
praticavam o bem e o mal, e eram muito mais temidos do que amados.
São
conhecidos pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme (o registro feito em
placas de argila com auxílio de estilete que imprimia traços em forma de cunha)
e desde o quarto milênio a.C possuíam um complexo e completo sistema de
controle de agua dos rios. Realizavam também obras de irrigação, barragens e
diques, utilizavam técnicas de metalurgia do bronze.
Sua
organização social influenciou muitos povos que os sucederam na região.
Por
volta do ano 2550 a.C povos nômades vindos do deserto da Síria começaram a
penetrar os territórios ao norte das regiões sumerianas, conhecidos como
acadianos, em pouco tempo esses povos dominaram as cidades-Estados da Suméria.
Por volta de 2400 a.C conseguiram impor a sua hegemonia. Já em 2330 a.C, o rei
acadiano Sargão I promoveu a unificação da porção centro-sul da Mesopotâmia.
O
período de ascensão do império acadiano foi muito curto, isso porque diversas
tentativas de invasão militar enfraqueceram seriamente sua unidade política e
territorial. Em 2180 a.C os gutis (povos originários das montanhas da Armênia)
empreenderam uma grande ofensiva contra as cidades mesopotâmicas, somente a
cidade de Ur conseguiu reagir e impor sua dominação, entretanto, por volta de
2000 a.C os povos elamitas (viviam no Sudoeste do atual Irã) deram fim à
supremacia acadiana.
Amoritas
ou Antigos babilônicos: com o declínio do Império fundado
por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia um grande e unificado Império que tinha
como centro administrativo a cidade da Babilônia, situada às margens do rio
Eufrates. Os primeiros amoritas eram povos semitas, provenientes da Arábia,
edificaram ali o Primeiro Império Babilônico, este povo também é conhecido como
“antigos babilônicos”, que os diferencia dos caldeus, fundadores do Segundo
Império Babilônico, denominados neobabilônicos.
O
soberano que mais se destacou foi Hamurabi (1728 a 1686 a.C) elaborando leis
que ficaram conhecidas como Código de
Hamurabi, que tinha como base um código sumeriano “Ur-nammu”. Apresentava uma série de penas para delitos domésticos,
comerciais, ligados à propriedade, à herança, à escravidão e a falsas
acusações, sempre baseadas nos princípios da Lei de Talião, ou seja, “olho por
olho, dente por dente”. Após sua morte, a Mesopotâmia foi abalada por
sucessivas invasões, até a chegada dos assírios.
Assírios:
de origem semita, viviam do pastoreio e habitavam as margens do rio Tigre. A
partir do final do segundo milênio a.C passaram a se organizar como uma
sociedade altamente militar e expansionista. Eles chegaram a expandir seus
domínios para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egito. O centro
administrativo do Império assírio era Nínive, onde foi feita a biblioteca de Assurbanipal
(nome de um dos reis assírios que mais se destacou durante o Império), com mais
de 22 mil placas de argila.
O
exército assírio sem dúvida foi um dos mais notáveis da Antiguidade, fato esse
que proporcionou aos assírios o poder de conquistar diversos territórios. Um
dos motivos de seu exército ser sempre numeroso e poderoso era o fato do
alistamento obrigatório que eles implementaram nos povos que dominados. Alguns
historiadores acreditam que os assírios pudessem colocar até 100 mil homens em
campo. Mas, apesar de possuir um imenso exército o Império não conseguiu se sustentar,
em grande parte pelo fato de que a maioria dos povos dominados pelos assírios
não gostava do regime militar e cruel ao qual eram submetidos.
Caldeus:
povo de origem semita que se estabeleceu na Baixa Mesopotâmia no início do
primeiro milênio. Estes foram os principais responsáveis pela derrota dos
assírios e pela organização do novo império babilônico. Nabucodonosor foi o
soberano mais conhecido dos caldeus, ficou famoso pela construção dos Jardins
Suspensos da Babilônia e da Torre de Babel, ele governou por quase sessenta
anos, após sua morte os persas dominaram o novo império babilônico. O Império
dos caldeus durou apenas 73 anos e depois foi incorporado ao Império Persa.
Elementos
das sociedades da Mesopotâmia: a forma predominante na
Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva das terras administradas pelos
templos e palácios. Os templos era que recebia toda a produção, distribuindo-a
de acordo com as necessidades. Administradas pelos sacerdotes, as terras que
teoricamente pertenciam aos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família
recebia um lote de terra e deveria entregar ao templo uma parte da colheita
como pagamento pelo uso útil daquela terra.
Escravidão:
entre os sumerianos havia escravidão, porém, o número de escravos era relativamente
baixo.
Controle
dos rios: como o fluxo das aguas dos rios Tigres e Eufrates
não eram nada regulares, em um ano poderia haver uma grande seca e em outras
inundações violentas e destrutivas, desse modo era necessário a construção de
canais para manter algum tipo de controle sobre os rios, mas esse controle exigia
numerosíssima mão-de-obra, que o governo recrutava, organizava e controlava.
Agricultura:
era a base da economia. Cultivavam: trigo, cevada, linho, gergelim, arvores
frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em
geral, pedra, madeira e barro. O bronze, que foi introduzido na segunda metade
do terceiro milênio a.C, mas uma verdadeira revolução só veio a ocorrer com a
sua utilização já no final do segundo milênio antes da Era Cristã quando
aprenderam a usar o arado semeador, a grade e carros de roda.
A
criação de animais: como carneiros, burros, bois, gansos e
patos era bastante desenvolvida.
O
comércio: os comerciantes, nessas cidades, eram funcionários a
serviço dos templos e dos palácios, mas apesar disso podiam fazer negócio por
conta própria. A situação geográfica e a escassez de matérias primas favoreciam
os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus
produtos e buscar matéria prima como o marfim na Índia, a madeira no Líbano, o
cobre no Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e
tapetes, além de pedras preciosas e perfumes. As transações comerciais eram
feitas na base da troca, criando um padrão de troca inicialmente representado
pela cevada e depois pelos metais que circulavam, porém, sem jamais atingir a
forma de moeda.
A
existência de um comércio intenso foi o que deu origem a uma organização
econômica solida que realizava operações como empréstimos a juros e corretagem.
Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito. O comércio foi uma figura
importante na sociedade mesopotâmica, provocou mudanças significativas que
acabaram por influenciar na desagregação da forma de produção
templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.
Principais
ciências estudadas: a astronomia, entre os babilônicos, foi
a principal ciência, as torres dos templos serviam de observatório
astronômicos; conheciam a diferença entre os planetas e estrelas e sabiam
prever eclipses lunares e solares; dividiram o ano em meses e os meses em
semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta
minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos astronômicos criados
pelos babilônicos serviram de base para a astronomia dos gregos, dos árabes e
deram origem a astronomia dos europeus.
A
matemática entre os caldeus alcançou um grande progresso, as necessidades do
dia-a-dia os levaram a realizar multiplicações, divisões, raízes quadradas e
cúbica, equações de segundo grau, além disso, dividiram o círculo em 360 graus.
O
pregresso no campo da medicina também foi grande na Mesopotâmia, principalmente
na catalogação de plantas medicinais. Os médicos na Mesopotâmia, cuja profissão
era bastante reconhecida, não acreditavam que todos os males tinham origem
sobrenatural, já que utilizavam medicamentos à base de plantas e realizavam
tratamentos cirúrgicos, embora o médico trabalhava sempre com um exorcista,
para expulsar os demônios e recorria aos adivinhos para diagnosticar os males.
A
escrita cuneiforme é a grande realização dos sumérios, usada pelos sírios,
hebreus e persas. Surgiu ligada as necessidades de contabilização dos templos,
além da necessidade humana de garantir a comunicação e o desenvolvimento das
técnicas. Eles procuravam representar os sons da fala humana, isto é, cada
sinal representava um som, surgia assim a escrita fonética que no segundo
milênio a.C já era utilizada nos registros de contabilidade, rituais mágicos e
textos religiosos.
Henry
C. Rawlinson foi quem decifrou a escrita cuneiforme, graças as inscrições da
Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros
de comprimento por 7 de altura, a mensagem foi talhada na pedra pelo rei Dario
e ali Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita (antigo persa,
elamitas e arcádio – também chamado de assírio ou babilônico). O alemão Georg
Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent também se destacaram nos estudos
da escrita sumeriana.
Na
literatura, ainda há muitos textos em vias de decifração e tradução, mas uma
característica comum à maioria dos textos é sua origem estatal. Há ainda
crônicas sobre feitos de governantes e dos deuses, hinos, fabulas, versos, além
de anotações de comerciantes.
No
Direito, o Código de Hamurabi, até pouco tempo, o primeiro código de leis que
se tinha noticia, é uma compilação de leis sumerianas com tradições semitas,
contem 282 leis, abrangendo praticamente todos os aspectos da vida babilônica.
Esse código reflete a preocupação em disciplinar a vida econômica e garantir o
regime de propriedade privada da terra. Mas, anterior ao Código de Hamurabi,
tem-se o Código de Ur-Nammu, descoberto de 1952 pelo assiriólogo e professor
Samuel Noah Kromer.
Nas
artes, a arquitetura se destacava (porém, ainda não mais notável que a
egípcia), caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo em templos e palácios.
Essas construções eram feitas de argila, ladrilhos e tijolos. As muralhas construídas
por Nabucodonosor, por exemplo, eram tão largas, que sobre elas realizavam-se
corridas de carros. Ainda na arte, a pintura e a escultura eram apenas
decorativas; as esculturas eram pobres, representadas pelo baixo relevo e um
dos raros testemunhos da pintura mesopotâmica foi encontroado no Palácio de
Mari, descoberto entre 1933 e 1955, com tintas extrema mentes vulneráveis ao
tempo, os poucos fragmentos encontrados é possível perceber o seu brilho e
vivacidade.
A
música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada a
religião. Cantavam hinos em louvor dos deuses com acompanhamentos musicais. Em
suas tradições haviam cantos de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de
evocação dos mortos, cantos para favorecer os viajantes, o estado de transe. A
dança é mimica, aplica-se a todas as coisas – há danças para fazer chover, para
guerra, de caça, de amor e etc.
Religião: uma
religião onde os deuses eram extremamente numerosos, eram representados à
imagem e semelhança dos seres humanos, além disso, elementos da natureza também
eram cultuados. Como já dito, cada cidade possui seu próprio deus ao qual
construíam templos e dedicavam canções. Esses deuses podiam representar tanto o
bem quanto o mal.
O
centro da civilização era o templo, a casa dos deuses que governava a cidade,
além de ser também o centro da acumulação de riqueza. O patesi representava o deus e combinava poderes políticos e
religiosos. Nos templos apenas os sacerdotes podiam entram e deles eram a total
responsabilidade de cuidar da adoração aos deuses e fazer com que eles
atendessem as necessidades da comunidade. Eles eram livres do trabalho no
campo, apenas dirigiam os trabalhadores na construção de canais de irrigação, reservatórios
e diques. O
deus, através dos sacerdotes, emprestava aos camponeses animais, sementes,
arados e arrendava os campos, e ao paga o “empréstimo” o devedor deveria
acrescentar uma “oferenda” de agradecimento. A concepção de uma vida além-túmulo
era confusa. Acreditavam que os mortos iam para junto de Nergal, o deus que
guardava um reino de onde não seu podia voltar.
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