Império
Persa e Seus Reis
O
reino da Pérsia não começou como uma civilização, mas sim como um pequeno povo
originário das tribos da Ásia Central chamado Indo-Europeu, que ocupava a
região do atual planalto do Irã.
A
primeira dinastia dos Persas se chamava Aquemênida, sendo o primeiro que seu
primeiro rei foi Ciro, o Grande, que conquistou o segundo Império Babilônico
comandado pelo rei Nabucodonosor.
O
Rei Ciro da Pérsia.
Segundo
Heródoto, o avô de Ciro, Astíages, rei do Império Medo, teria sonhado que seu
neto destruiria o reino e dominaria toda a Ásia. Assim, Astíages mandou com que
um de seus serviçais, Harpago, pegasse a criança e matasse nas montanhas, mas
este ficou com pena de Ciro e o entregou a um pastor local que acabou criando
Ciro por um tempo até que ele tivesse plena consciência de sua linhagem real. A
mãe de Ciro, Mandane, era filha de Astíages, mas seu pai, Cambises, era um
nobre que controlava a Pérsia, região onde hoje é o estado do Irã, e na época
um reino submisso aos medos.
Quando
Ciro chegou ao poder na Pérsia, em 559 a.C, ele uniu-se a Harpago e comandou
uma revolta contra Astíages. Harpago desejava a vingança contra Astíages, já
que o rei, sabendo do não cumprimento da ordem por parte de seu serviçal,
mandou matar o filho deste. Derrotado, Astíages foi mandado à presença de Ciro
para um julgamento, mas o neto acabou por perdoar o seu avô. Assim, sem nenhum
rei para se opor a Ciro ele invadiu Ecbátana, capital da Média, e tomou o poder
daquela vasta área já controlada pelos medos.
Esse
relato, assim como muitos outros da mesma época, de uma remota época, mistura o
mito e a realidade. No entanto, mostra bem como ao tomar o trono dos medos Ciro
abriu uma nova etapa na História da Antiguidade.
Depois
da primeira vitória, a expansão: ao controlar toda a
região ates submissa aos medos, Ciro fundou o Império Persa e passou a reinar
sobre uma vasta área que ia da Capadócia, no Oeste, até a Ária, a leste, também
fazendo fronteira com os montes Cáucasos ao norte e a Assíria e a Babilônia ao
sul. Ciro
não ficou parado, no início, esperou o crescimento populacional de seu povo (um
assunto que já exigia muita atenção do rei) e partiu para as campanhas de
conquista, buscando terras para ampliar cada vez mais as plantações e os
espaços de criação de gado, além de claro, submeter novos povos ao pagamento de
impostos. A primeira grande conquista militar de Ciro aconteceu em 546 a.C na
região da Lídia e das colônias gregas da Ásia Menor, territórios esses que os
medos tentavam conquistar haviam décadas, mas que nunca tiveram sucesso. Ciro
ainda conquistou a região do Turquestão, a leste, expandindo ainda mais o
território de seu Império. Em 539 a.C conquistou a região da Babilônia, fato
esse que o ajudou em suas relações com os fenícios e os hebreus, povos que
viviam sob o domínio dos governantes da Babilônia. Ao conquistar essa região,
conta as histórias que Ciro proclamou:
“Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei
legitimo, rei da Babilônia, rei da Suméria e de Acade, rei das quatro
extremidades, filho de Cambises, grande rei, rei de Anzã, ... descendente de
Teíspes ... de uma família [que] sempre [exerceu] a realeza”.
Mas, como Ciro conseguiu submeter tantos povos ao seu domínio e criar, na época, um
dos maiores impérios da Antiguidade? Graças as suas estratégias: conquista e
tolerância. Ciro foi um imperador habilidoso tanto na conquista como em sua
administração e manutenção dos povos conquistados. Seus soldados usavam táticas
de invasão com apoio de arqueiros e cavaleiros. Após a conquista, Ciro
procurava manter os líderes locais em seus devidos cargos administrativos,
demonstrando piedade com os vencidos e ainda não proibia o culto original
daqueles povos, ou seja, havia muita tolerância religiosa.
O
Império Persa cobrava impostos dos povos que dominavam, e estes sim deveriam
ser respeitados e pagos com frequência. Cada região dominada ficava sob o
comando de um sátrapa, que era o
principal governante local, uma espécie de secretário-geral, ou até mesmo um
governador da região. Essa escolha dava aos povos conquistados uma relativa
autonomia interna, mesmo dominado pelos persas. Ainda falando de sua
administração, Ciro, para impedir a corrupção, ordenou que fosse montada uma
grande rede de espionagem, que era formada por funcionários go governo, eles
ficaram conhecidos como os “olhos e ouvidos do rei”; essa organização criada
por Ciro para cobrar impostos, administrar o império com chefes locais e ainda
utilizar funcionários estatais para auxiliar a administração mesmo nos lugares
mais distantes do império deu tão certo que séculos depois o macedônio
Alexandre conquistou a região e continuou utilizando a estrutura administrativa
dos persas.
Ciro
foi também o responsável pela libertação dos judeus do cativeiro da Babilônia,
iniciando uma série de eventos que culminariam com a reconstrução de Jerusalém.
A
queda de Ciro: a ira da rainha Tomiris. Ciro morreu em 530 a.C
em meio a uma batalha contra os massagetas, uma tribo seminômade que vivia na
região próxima ao Mar Cáspio e o Mar Aral. Ciro foi aconselhado por Creso,
ex-rei da Lídia, a atacar os massagetas, pois suas forças poderiam, um dia
ameaçar as fronteiras do Império Persa. Inicialmente, Ciro enviou uma comitiva
diplomática para oferecer uma proposta de casamento para a rainha dos
massagetas, Tomiris, mas que não foi aceita. Ciro então invadiu o território
dos massagetas e foi desafiado para uma luta honrada pela rainha. Só que ao
saber da pouca familiaridade dos massagetas com o vinho, Ciro deixou poucos
homens, muita comida e vinho em um acampamento e simulou uma fuga. Um dos
generais de Tomiris, e que também era seu filho, Spargapise, invadiu o
acampamento, matou os poucos soldados que ali estavam e deixou seus subordinados
aproveitarem a comida e a bebida deixada pelos persas. Já com os soldados
massagetas bêbados os persas retornaram para o acampamento no meio da noite e
viram ali um alvo fácil. Spargapise envergonhado com a derrota cometeu suicídio.
A rainha Tomiris, jurando vingança pela morte de seu filho, liderou o seu
exército em uma grande batalha contra os persas. Após uma violenta batalha onde
morreram muitos persas, Ciro também caiu frente ao exército massagetas. Tomiris
pediu que a cabeça de Ciro fosse trazida até ela, que a pegou e colocou-a
dentro de uma bacia com sangue.
Essa
é apenas uma das inúmeras versões que contam da história da morte de Ciro.
Muitas relatam a derrota militar das tropas persas que acompanhavam o rei e sua
morte em batalha; outra versão conta que Ciro morreu serenamente em Pasárgada,
cidade que era a capital do Império Persa e numa terceira versão dizem que as
tropas persas foram vencidas e Ciro morto enquanto lutava, mas que teve seu
corpo resgatado por seus soldados e que até hoje descansa em uma tumba nas
ruinas de Pasárgada, que estão de pé até hoje.
Após
a morte de Ciro, seu filho Cambises II assume o lugar do pai e continuou os
planos de expansão do Império Persa, mas toda a região governada por eles só
veria mudanças realmente significativas sob o reinado de Dario, o próximo rei
persa.
Os
benefícios do reinado de Ciro para civilização:
por suas habilidades como líder, o império fundado por Ciro manteve a sua
existência por mais de duzentos anos até a conquista definitiva de Alexandre, o
Grande em 332 a.C; como um líder militar, Ciro deixou um eterno legado sobre a
arte da liderança e de tomada de decisões; Ciro, o Grande, respeitou os
costumes e religiões das terras que conquistava; em seu modo de governar
encontramos uma administração que embora centralizada, instituiu um governo que
também trabalha para o proveito de seus súditos.
Citações
bíblicas: o profeta Daniel cita a estátua de Nabucodonosor que
possuía a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, da cintura até os
joelhos era bronze e as pernas e pés de ferro; outra citação bíblica sobre os
persas foi o episódio em que Neemias, copeiro do Rei Ciro fica sabendo da
destruição da cidade de Jerusalém.
Dario
I.
Cambises
morreu sem deixar nenhum herdeiro, foi quando descobriram um comandante no
Egito que mesmo não sendo o sucessor legitimo tomou o trono, com a ajuda do
conselho de nobres que achou um parentesco distante de Dario com Ciro II, desse
modo, o conselho o reconheceu como Rei. Dario reinou de 512 a 484 a.C.
O
início de seu reinado foi dedicado a pacificar o grande território e consolidar
ainda mais o poder do Império Persa. Teve que cuidar da rebelião dos gregos
jônicos no ano de 500 a.C; em 490 a.C Dario enviou a Atenas um pequeno exército
para que a cidade-Estado fosse punida por ajudar na rebelião dos jônicos.
Dario, por um lado, conseguiu reprimir as revoltas, mas foi derrotado pelos
gregos na batalha que mais tarde ficaria conhecida como Batalha de Maratona,
que por sua vez desencadeou as chamadas Guerras Persas, travadas entre Grécia e
Pérsia. Depois de cuidar dos assuntos internos, partiu para as conquistas. Anexou
o território que hoje é o Paquistão. Nas Guerras Persas, o sucessor de Dario,
Xerxes, incendiou Atenas em 480 a.C, mas acabou derrotado naquele mesmo ano.
Esse acontecimento marca o início do declínio do Império Persa completado em
330 a.C quando foram dominados por Alexandre, o Grande.
Foi
no reinado de Dario que o zoroastrismo se firmou. Essa religião surgida no Irã
por volta do ano de 600 a.C traz em seus conceitos ideias conhecidas como a
ressurreição, julgamento final, céu e inferno que mais à frente iriam
influenciar o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, religiões que se tornaram
mundiais.
Dario
I foi o rei que teve a grande ideia de dividir o imenso território dominado
pelos persas em satrapias. O número de satrapias varia de acordo com o período,
inicialmente foi organizado por Dario em vinte províncias, seu princípio foi a
base do sucesso do governo persa. Como funciona? Uma satrapia, de modo geral,
era determinada por região ocupada por um povo especifico, por cidades
autônomas ou outras características, ou seja, era um governo dentro de outro
governo. Nesse território o poder é delegado aos sátrapa, que são escolhidos pelo
Rei. E como o responsável por essa região fazia parte do povo havia respeito
pela religião, leis, costumes, língua de cada satrapia. Esse chefe deveria
receber os impostos, promover a justiça e zelar pelo território que estava sob
sua responsabilidade, inclusive, formando um exército para servir as
necessidades do rei quando esse o solicitava. Por nomear os sátrapa, uma
espécie de “rei local” o Rei dos persas era chamado de Rei dos Reis.
Um
sátrapa era auxiliado por um escriba e um general, ambos de confiança do Rei e
que só respondiam ao próprio Rei. Sua função era observar e relatar tudo o que
acontece em seu imenso território, assim como já dito mais acima no texto,
essas pessoas eram chamadas de olhos e ouvidos do Rei; era de acordo com suas
conclusões que o Rei podia tanto premiar um sátrapa por sua administração ou o
punir com a morte aqueles que não estivessem desempenhando bem suas funções ou
estivesse tramando contra seu governo.
Dario
I ainda estabeleceu um eficiente sistema de taxas administrativas e construiu
no ano de 500, uma estrada de 2.400 km, de Susa, no atual Irã, a Éfeso, na
Turquia. Essa estrada ficou conhecida como Estrada Real, e por ali que passava
os impostos recolhidos nas satrapias até a capital do Império, por ali também
passava o correio criado por Dario e elogiado por Heródoto em um de seus
livros, isso porque, a cada 100 km havia um posto de troca de cavalos para que
o mensageiro pudesse enviar a mensagem no menor tempo possível. Dario ainda
unificou o império sob uma mesma moeda.
Sob
de Dario o Egito foi organizado como 6ª satrapia, juntamente com vários oásis
do Oeste e a Cirenaica e com a conclusão do canal entre o Nilo e o Mar
Vermelho, iniciado por Neco II, Dario conectou a força econômica egípcia à
economia das demais religiões do Império Persa. Manteve no Egito uma política
interna amistosa com os sacerdotes, mas ao mesmo tempo mantinha o Egito com uma
vigilância constante. Para os egípcios, Dario foi um bom governante, mas quando
foi derrotado na Batalha de Maratona eles viram que os persas não eram
invencíveis, assim as rebeliões se intensificaram no Egito.
Dario
I morreu no ano de 480 a.C numa batalha contra os gregos e assim como Ciro, foi
um grande Rei que só consolidou ainda mais o Império Persa como um dos maiores
de todos os tempos.
Aqui temos um mapa de toda aquela região, na época, e com ele podemos perceber a grandiosidade territorial conquistada por esse Império.
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