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Introdução aos Estudos Históricos #1 - História, Historiador, Fato Histórico e Tempo.



Introdução aos Estudos Históricos.
O que é História? Porque estudamos História? A resposta mais comum, talvez, que se espere de um aluno seria “estudamos História para aprendermos com o passado e não cometer os mesmos erros no futuro”, esta resposta não estaria errada, mas também não está inteiramente correta, isso porque, se fossemos seguir essa linha de raciocínio a humanidade sempre aprenderia com o passado e desse modo não haveria mais guerras, fomes e desigualdade no mundo contemporâneo, mas não é isso que ocorre – infelizmente – não podemos relacionar a História como uma parte do passado, ela engloba muito mais que isso e exige uma pesquisa laboral muito mais ampla para poder responder essa questão.
História.
É uma disciplina que faz parte de uma grande área do conhecimento chamada Ciências Humanas;
A História tem como objetivo principal estudar a ação das sociedades humanas no tempo;
A História investiga os vestígios do passado com a finalidade de fornecer referencias para compreendermos o presente;
O historiador só tem a oportunidade de analisar os fatos depois que eles acontecem.

Fontes Históricas.
São os registros produzidos pelas diversas sociedades que existiram no passado;
São as fontes históricas que permitem ao historiador reconstruir partes do passado de uma sociedade, “partes”, porque o historiador não possui acesso a todas as informações, sendo assim seu conhecimento é parcial;
As fontes históricas, hoje, são muito variadas, praticamente qualquer registro pode ser considerado um documento relevante para o trabalho de investigação do historiador.

Tipos de Fontes Históricas:
Fontes escritas: que podem ser de natureza oficial ou particular. Exemplo: cartas, textos de jornais, testamentos, leis, poemas, obras literárias e etc.
Fontes iconográficas: que diz respeito ao mundo das imagens; exemplo: esculturas, cartoons, charges, obras de arte, fotos de família, pinturas rupestres, vitrais de uma igreja e etc.
Fontes orais: tais como filmes, relatos de comunidades organizadas na tradição oral, musicas, cantigas populares e etc. As fontes orais são fundamentais para estudar as sociedades que passam suas tradições de forma exclusivamente oral.
Fontes materiais, fontes materiais, fontes cartográficas e fontes escritas.
A histórica é a matéria-prima do historiador, sem fontes não há como produzir a História.

Trabalho do Historiador.
O trabalho do historiador é um trabalho de investigação do passado, um trabalho extremamente complicado. Esse historiador trabalha sozinho, não possui todas as ferramentas necessárias para coletar as informações que necessita, por conta disso, a História sempre recorre a outras disciplinas para desenvolver o seu trabalho.
A Arqueologia é uma delas, as escavações realizadas descobrem cidades inteiras, encontram vestígios de que o nosso mundo foi habitado por dinossauros há muito tempo atrás. Através da Geologia e da técnica de carbono 14 eles puderam estabelecer com precisão a idade dos fosseis encontrados.
A Geografia contribui produzindo os mapas, estudos demográficos que ajudam a explicar as variações da população humana, os estudos sobre ocupa mento do espaço demográfico, dentre muitos outros ajuda a montar uma espécie de “quebra-cabeças do passado”.

O Fato Histórico.
O que é Fato Histórico? Um dos objetivos de estudo do historiador; é um acontecimento desencadeado no passado; um processo irreversível, ou seja, não pode ser alterado. Exemplo: o lançamento de bombas atômicas dos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima. O que muda é a interpretação a respeito do fato histórico; a cada nova geração de historiadores surgem também novas perguntas feitas em cima desses fatos históricos, isso por sua vez, acaba produzindo novas interpretações, diferentes e inovadoras a respeito de um mesmo fato histórico.
Aqui vale ressaltar que os fatos históricos são argumentos baseados em fatos consistentes e confiáveis para confirmar.

Tempo Histórico.
É uma criação cultural, ou seja, cada cultura tem um modo de se relacionar com o tempo, podemos ver isso de uma forma mais clara quando analisamos os diferentes calendários: hebraico, cristão e muçulmano (três das maiores religiões monoteístas), ainda, esses calendários são usados de maneiras simultâneas por seus povos já que eles coexistem num mesmo espaço.
O tempo é um assunto difícil de ser abordado pois este pode adotar várias dimensões; podemos falar de tempo biológico, geológico, tempo histórico, entre muitos outros.
O tempo Histórico é o oposto do Tempo Cronológico, isso porque é irregular, imprevisível e podemos ver que é difícil dizer com exatidão quando começou ou se encerrou um processo histórico pois acontece diversos fatos e acontecimentos ao mesmo tempo.

Tempo Cronológico.
É basicamente o tempo do relógio, possui previsibilidade e estabilidade já que utiliza medidas exatas.
Algo importante a ser tratado em sala de aula é a noção de localização no tempo, ajudando o aluno a criar essa noção de tempo que facilita tanto a vida do professor quanto a do aluno quando os demais conteúdos forem sendo expostos em aula (e esses conteúdos não necessariamente são apresentados em ordem cronológica). Localização do tempo? Temos o instante, anteriormente, posterioridade; reversíveis e irreversíveis; passado, presente e futuro; é preciso conhecer essa orientação do tempo para ser capaz de agir e de produzir eventos.

Continuidade.
Mesmo depois de um longo período histórico alguns aspectos socioculturais continuam fazendo parte da organização social de um povo, mesmo em meio as dificuldades surgidas no caminho. Exemplo: a continuidade da organização política da Inglaterra, mesmo a Monarquia Parlamentar sendo estabelecida em 1688 existe até os dias atuais.

Descontinuidade.
 É utilizada para descrever organizações socioculturais caraterísticas pela interrupção de algum mecanismo de sua organização interna. Na maioria dos casos, a ausência de continuidade poder trazer resultados negativos para toda coletividade.

Mudanças.
Alterações lentas e rápidas ocorridas no interior de uma organização social; muitas vezes só percebemos essa mudança quando ela acontece num longo período de tempo.

Permanência.
Ocorrem quando uma característica cultural do passado ainda pode ser verificada no presente mesmo com mudanças profundas na organização social.

Ruptura.
É visível em processos revolucionários quando quase que repentinamente uma forma de organização social é “virada do avesso”, exemplo: a Revolução Francesa, durante a Revolução a ordem social dominada pelo Clero e pela Nobreza foi rapidamente colocada no chão, houve a execução do Rei Luis XVI e da Rainha Maria Antonieta na guilhotina, depois desse processo a França nunca mais foi a mesma, mudanças violentas e radicais que tiveram consequências futuras em quase todo ocidente.

Sincronia.
São eventos que ocorrem quase que ao mesmo tempo ou então em contextos próximos uns dos outros, exemplo: a Inconfidência Baiana (1798) ocorreu no mesmo período em que acontecia a Revolução Francesa (1789/99).

Observações Gerais: o tempo histórico é representado sempre em algarismos romanos: milênio= 1000 anos; 
século= 100 anos; 
quartel= 25 anos ou ¼ de 100 anos; 
década=10 anos.

Se a data que você estiver analisando terminar em dois zeros o século corresponde ao (s) primeiro (s) algarismo (s) que está à esquerda do número analisado. 
Exemplo: 
2000 – XX; 
1600 – XVI; 
400 –IV; 
200 a.C – II a.C.

Quando o ano não terminar em dois zeros, basta eliminar a unidade e a dezena que o compõe e somar 1 ao restante do número. 
Exemplo: 
450 a.C (4+1=5) – V a.C; 
324 (3+1=4) – IV; 
1830 (18+1=19) – XIX; 
1998 (19+1=20) – XX.


Periodização Tradicional da História.
Pré-História: começa desde o surgimento da humanidade até a invenção da escrita;

História Antiga: começa com a invenção da escrita em 3.500 a.C e vai até o ano de 476, momento em que ocorre a queda do Império Romano do Ocidente;

História Medieval: começa com a queda do Império Romano do Ocidente e vai até o ano de 1453 quando os turcos otomanos tomaram a cidade de Constantinopla;

Idade Moderna: começa em 1453 e se estende até o ano de 1789, momento em que a Bastilha de Paris cai perante a Revolução Francesa;

História Contemporânea: começa com a queda da Batilha e que vai até os dias atuais.

Essa divisão leva em consideração apenas os acontecimentos que ocorreram na Europa e no mundo Ocidental.

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